Startup criada por brasileiro deixa clientes ‘experimentarem’ eletrônicos

Quem nunca se arrependeu após gastar algumas centenas ou milhares de reais num novo produto eletrônico, como um smartphone ou câmera? E quem nunca deixou de comprar algo assim por medo de se arrepender depois? Segundo Diogo Ruiz, 95% dos brasileiros já passaram por isso.

Diogo é brasileiro, natural de Curitiba, Paraná, e há dez meses vive em São Francisco, na Califórnia, na região conhecida como “Vale do Silício”. O local é lar para algumas das principais empresas de tecnologia do mundo e também ninho de diversas startups que buscam um lugar ao sol.

Esse número de “95%” é tirado de uma pesquisa feita com 1.200 pessoas em cinco cidades para contextualizar a Bluezup, startup criada por Diogo e os outros dois sócios na Califórnia. A empresa tem apenas três meses de atuação e a proposta de fornecer eletrônicos para “degustação” de usuários.

Funciona da seguinte maneira: o usuário faz o cadastro na plataforma da Bluezup – disponível, por enquanto, apenas pelo navegador – e tem acesso a uma série de produtos que estão no inventário da empresa. Entre eles há um Apple Watch de segunda geração, uma câmera GoPro Hero5 e uma câmera de 360 graus da Samsung.

Quem quiser experimentar um dos produtos, pode encomendá-los e recebê-los para um período de testes, que dura até três dias. Por essa “degustação”, o usuário paga um valor bem mais baixo do que o preço total daquela peça. No caso do Apple Watch, por exemplo, que custa R$ 2.000 no site da Apple, é possível alugá-lo por três dias pagando R$ 30.

No fim do período de degustação, o usuário tem duas escolhas: devolver o produto ou ficar com ele. Se quiser ficar, pode comprar o dispositivo pelo preço quase cheio, contando ainda com um desconto oferecido pela Bluezup. Se não quiser, é só devolver quando vierem buscá-lo. Tudo é feito pela internet mesmo. O pagamento é por cartão de crédito.

“O que a gente quis levar com a Bluezup é fazer o usuário ter poder de decisão na compra, e uma decisão com muito mais consciência”, diz Diogo, em entrevista ao Olhar Digital. “Para não ficar com o produto parado na gaveta ou deixar de comprar um produto por medo de se arrepender depois.”

Entrega dos produtos

Entre o aluguel de um produto e a entrega, porém, há uma outra atividade para os usuários da plataforma: de “Blue Buddy”. Blue Bluddies são entregadores autônomos que podem se oferecer para transportar os produtos na data e no horário solicitado pelo locatário. Segundo Diogo, são como motoristas de Uber que aceitam uma “corrida” pelo próprio sistema da Bluezup e ainda ganham uma comissão.

Só que além de entregar o produto, o Blue Buddy é também um assistente técnico para o usuário. Ele é treinado online pela Bluezup para ensinar o usuário a instalar e começar a usar o produto recém-alugado, seja um Apple Watch ou uma GoPro. A pessoa que topa fazer esse papel também ganha uma comissão pela assistência. E, como no sistema da Uber, não há vínculo obrigatório, pode sair a qualquer momento.

Segurança

O que acontece se alguém, nesse meio-tempo, resolve roubar o produto alugado? E se o entregador ficar com o Apple Watch para si? Ou se o cliente for roubado durante seu período de testes? Essa é a pergunta que Diogo mais ouve quando explica o funcionamento da Bluezup.

Há uma série de ferramentas de segurança no processo, que inclui a validação e cobrança automática do cartão de crédito do usuário cadastrado. A empresa também estuda inserir uma API de reconhecimento facial na plataforma. O serviço também tem um seguro contra acidentes, mas não contra furtos. Segundo Diogo, porém, o risco de roubo é um que a startup precisa aceitar.

“Da mesma forma que podem roubar os nossos produtos, podem muito bem roubar um apartamento inteiro do Airbnb. E o Airbnb funciona no Brasil”, diz Diogo, em referência à plataforma de aluguel de imóveis que exclui imobiliárias do negócio. “Vai acontecer? Vai. Mas a gente acredita que a maioria das pessoas são boas e temos que ser otimistas.”

Estoque de itens

Por enquanto, a Bluezup está em busca de investimentos para continuar crescendo. Em três meses de atuação, a empresa tem cerca de 300 usuários espalhados por Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR), e outros 100 nos EUA. Por isso, o estoque ainda é controlado pela própria startup e é um tanto limitado em termos de opções.

Todos os produtos alugados através da Bluezup são usados. A empresa tem comprado esses itens de pessoas que já o estão vendendo na internet. Em seguida, quando um usuário devolve um produto testado, esse mesmo item vai para as mãos de outro testador em seguida. O plano, porém, é que essa realidade mude um pouco.

Diogo diz estar em negociações com Apple e até com marcas asiáticas para coletar diretamente das fabricantes os produtos que formarão o inventário da Bluezup, mas, para isso, a empresa ainda busca investimentos. Se tudo der certo, porém, a plataforma estará disponível “nas principais capitais do Brasil” até março do ano que vem. Na próxima semana, ela estreia em Londrina (PR).

Na divisão entre seguro, vendedor original e Blue Buddy, a Bluezup fica com 20% do valor pago pelo usuário que fecha o aluguel ou a compra do produto testado. A equipe tem hoje 14 pessoas que trabalham remotamente de diversas partes do mundo, do Brasil à Polônia. Se você é da região sul do Brasil e quer saber mais sobre a Bluezup, confira aqui a plataforma.

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