Com ajuda de um implante cerebral, tetraplégico consegue mover seu braço

Braço virtual - experimento

A medicina evoluiu consideravelmente nas últimas décadas, mas ainda não conseguiu encontrar uma solução eficaz para pessoas que perderam movimentos por conta de lesões na coluna ou no cérebro. Todavia, os esforços continuam. Um dos trabalhos mais recentes é um implante cerebral que tem permitido a um rapaz tetraplégico controlar o braço.

Muitas das pesquisas dessa área tentam, de alguma forma, tratar a lesão que causou a perda de movimentos. Mas o trabalho da equipe do engenheiro biomédico Robert Kirsch segue um caminho diferente: a ideia é fazer com que os implantes forneçam um “desvio” em relação ao dano para restaurar a comunicação entre cérebro e membro.

Hoje com 24 anos, Ian Burkhart ficou tetraplégico aos 19 após sofrer um acidente praticando natação. Mas, graças à pesquisa, ele já consegue movimentar o braço direito, assim como a mão. Para isso, os cientistas recorreram a dois conjuntos de implantes.

O eletrodo cerebral
O eletrodo cerebral

Um deles é composto por dois minúsculos eletrodos de silício com 96 agulhas que conseguem registrar impulsos cerebrais. Esses dispositivos foram implantados no córtex motor, a área do cérebro que desenvolve os movimentos do corpo.

Esses eletrodos são conectados por fios a terminais colocados na parte externa do crânio que, por sua vez, emitem os registros dos impulsos a computadores que interpretam essas informações. Os resultados desse processo é que geram os movimentos.

Não estamos falando de uma abordagem nova. Vira e mexe aparece algum estudo mostrando, por exemplo, pessoas movendo cursores de mouse ou braços mecânicos com o pensamento graças a implantes cerebrais.

A pesquisa da equipe de Robert Kirsch não foge dessa linha. Para testar o funcionamento dos eletrodos, os cientistas tiveram primeiro que recorrer a um simulador. O resultado foi muito animador: Ian Burkhart conseguiu fazer o braço virtual realizar praticamente todos os movimentos que ele planejou.

Mas o desafio do trabalho está em fazer um braço paralisado — e real — responder às ordens do cérebro. Para tanto, os pesquisadores tiveram que colocar no membro outro implante, para ser mais preciso, um eletrodo capaz de estimular os músculos e, consequentemente, gerar movimentos.

Novamente, os resultados deixaram paciente e pesquisadores esperançosos. Nos testes, os implantes no cérebro enviaram instruções ao eletrodo no braço por meio de um sistema que, futuramente, será sem fio. Com isso, Burkhart tem, de fato, conseguido movimentar o braço e a mão.

Um eletrodo como esse foi implantado no braço
Um eletrodo como esse foi implantado no braço

Não são movimentos precisos, porém. O eletrodo é abrangente, sendo capaz de enviar impulsos elétricos para estimular movimentos no ombro, no cotovelo e no pulso, por exemplo, mas Burkhart esbarra em outro problema: a perda de movimentos deixou seus músculos fracos e atrofiados. É por isso que ele conseguiu gerar movimentos mais complexos no simulador e um tanto desajeitados no braço real.

Um programa de fisioterapia deve ajudar Burkhart a restabelecer a aptidão muscular. Assim, é de se esperar que nas próximas etapas do estudo os resultados sejam ainda mais interessantes.

Os pesquisadores alertam, porém, que vários anos de trabalho ainda serão necessários para que uma pesquisa como essa possa se transformar em um tratamento efetivo para pacientes com restrição de movimentos. O próprio Burkhart só consegue movimentar o braço dentro do laboratório da universidade. Os testes com ele começaram em 2012.

Mas as metas são ambiciosas. O cenário perseguido é aquele em que os implantes cerebrais darão o máximo de autonomia para pessoas que ficaram sem movimentos, assim como permitirão que indivíduos que perderam membros utilizem próteses mecânicas com a maior naturalidade possível.

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